domingo, 15 de abril de 2012


Para retomar meu blog descrevo um trecho do livro Ostra feliz não faz pérola de Rubem Alves, um autor que aprendi a amar e admirar.


Reflitam!

Diário. Um diário é um livro que ainda não é livro. É um livro vazio, folhas de papel em branco. Não há nada escrito nele. Tudo está por escrever. Será o seu dono que irá nele registrar as coisas do dia a dia que julga merecedoras de serem lembradas, coisas que não devem ser esquecidas.Escreve-se um diário por não confiar na memória. Nenhum diário é igual a outro porque nenhuma pessoa é igual a outra. As pessoas, ao passar pela vida, vão catando coisas diferentes. Um diário é um livro onde se coloca as coisas catadas é impossível conhecer uma pessoa, diretamente. Mas é possível conhecê-la por aquilo que ela guarda. O que se guarda é um retrato da alma. Um diário registra muitas coisas. Mas essas muitas coisas, se ajuntadas, revelam um perfil. Essa é a razão por que um diário é, normalmente, secreto. Nudez de corpo, tudo bem. Mas ninguém tem o direito de ver a minha alma na sua nudez. Por isso os diários são mantidos em gavetas fechadas a chave. Um diário novo não diz nada. É o silêncio. Ele só começará a dizer depois que eu escrever nele as minhas coisas. Num diário eu me leio porque ele é um espelho que guarda minhas imagens passadas. Esses pensamentos sobre diário fizeram minha imaginação voar. E eu pensei se a palavra “Deus” não é também o nome de um livro em branco à espera da minha escritura.O que escrevo nesse livro? Escrevo os meus suspiros, as minhas dores, o pulsar de um coração num mundo sem coração, as minhas esperanças, canções de ninar que desejo ouvir. Orações são palavras que eu desejo eternas. Não há um diário que seja igual ao outro. Quem está dentro do livro é o escritor. Nossos deuses são as nossas imagens num espelho. Cada um tem a sua.  



Então pergunto quem somos nós? Qual é o meu perfil? Quem é o meu Deus? Na nossa vida temos algo a esconder? Somos um livro aberto ou um diário dentro de uma gaveta trancada?


Como eu sou louca por filmes, achei que seria legal indicar alguns também. Pensei em algo que tivesse haver com o tema da postagem de hoje. Vamos deixar comédia, comédia romântica e afins para uma próxima, quando eu não estiver com vontade de fazer revoluções e questionar a vida.


A vida de David Gale:
É de 2003, assisti nessa mesma época e me fez pensar muito sobre o tema. O filme aborda   a questão da pena de morte, de como a justiça pode ser falha. 
David Gale  é professor de uma universidade do EUA e também ativista contra a pena de morte, sua vida vira de pernas pro ar quando uma de suas melhores amigas sofre um assassinato e  Gale é acusado e condenado  a pena de morte. O caso chama atenção de Elizabeth Bloom uma jornalista que decide investigar o caso.






Com Kevin Spacey, Kate Winslet, Laura Linney
Duração: 2h 10min
Dirigido por: Alan Parker










A caixa:
Apesar de não ser uma  super produção o filme aborda um tema polêmico, ética. Até que ponto vai o interesse humano e sua ganância por dinheiro. Norma Lewis é uma professora casada com o engenheiro Arthur. Eles tem um filho e moram numa cidade pacata, até que um dia um homem misterioso aparece e deixa uma caixa com um botão. Caso um deles aperte o botão ficarão milionários no entanto ao mesmo tempo que o botão for apertado alguém desconhecido morre. O elenco não chama tanta atenção porém o tema é forte e mais comum do que imaginamos...


Com Cameron Diaz, James Marsden, Frank Langella
Duração: 1h 55min
Dirigido por Richard Kelly













Bom, coloquei esses dois, mas estou aceitando sugestões, para quem é amante do cinema e sabe sugerir bons filmes.




                         http://www.adorocinema.com/filmes/filme-29150/

Livro: ALVES, Rubem. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008. p.200-201.